11 fevereiro 2015

FANTASTIC FOUR (Vol. I) #1

Para todos aqueles que nunca tiveram a oportunidade de presenciar o início do Universo Marvel, tal como o conhecemos (Era de Prata), eis por onde começar a sua leitura. Stan Lee e Jack Kirby marcam indiscutivelmente a história dos super-heróis ao conceber um grupo que, exposto à radiação cósmica (tema muito caro ao lendário escritor), se transforma fantasticamente em panteões da justiça.
Na verdade, o barato das histórias do Fantastic Four está na construção das relações de seus membros em concorrência com suas aventuras. Quatro personagens com visões diferentes de mundo que tentam tornar este mesmo mundo mais seguro e compartilhável a cada um de si. Enquanto enfrentam grandes ameaças como Namor, Doctor Doom, Mole Man (neste primeiro número) e até alienígenas, como os Skrulls, os quatro aprendem a fazer com que suas interações sobrevivam e alicercem a estrutura familiar do grupo.
O fato de não agirem em clandestinidade catapulta-os para a típica exposição característica dos anos 60, uma certa tietagem beatlemaníaca, que se acentuará ao longo dos anos mais em torno de suas conquistas pessoais do que associadas.
Quanto à edição, o que dizer da genialidade de seus criadores? A partir do chamado de Reed Richards, somos apresentados às surpreendentes habilidades de três figuras retratadas em contextos/expansões de suas personalidades. A inocência lúdica de Sue Storm, a brutalidade monstruosa de Ben Grimm e a jovialidade impetuosa de Johnny Storm constrastam com a aparente lucidez de Reed Richards. Aparente, pois está determinado a viajar para as estrelas a qualquer custo. Vale checar este link e ver como Greg Burgas realizou uma interessantíssima análise visual deste painel a seguir, comentando sobre as sutilezas técnicas utilizadas por Kirby ao retratar a dinâmica entre Reed e Ben, e como complementam a narrativa de Stan Lee.
 
Apesar de todos os esforços para garantir uma hegemonia americana sobre os comunistas, a viagem ao espaço se revela determinante para o futuro do grupo. É possível dizer que seus poderes se ajustam neste início ao provável propósito de seus autores: demarcar o território de ação intrafamiliar. A invisibilidade da mulher, a chama flamejante da juventude, o rancor da rejeição e a maleabilidade da maturidade, quem sabe, não seria uma mensagem a se passar...
O leitor é levado em ritmo alucinante até culminar na união de todos em prol da humanidade, para na segunda metade da história, se deparar com a primeira ameaça ao Fantastic Four: Mole Man. O resto é história... Recomendo a leitura deste review.
 
 
 
Começamos por esta comparação entre capas e artes aqui.
Podemos ver aqui um grande nome da indústria quando ainda era jovem produzindo, possivelmente, o primeiro review da edição.
Esta é uma entrevista com Stan Lee. Parte 1, parte 2 e parte3.
Finalmente, temos acesso aqui ao roteiro original reescrito.

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