Para todos aqueles que nunca tiveram a oportunidade de
presenciar o início do Universo Marvel, tal como o conhecemos (Era de Prata),
eis por onde começar a sua leitura. Stan Lee e Jack Kirby marcam indiscutivelmente
a história dos super-heróis ao conceber um grupo que, exposto à radiação
cósmica (tema muito caro ao lendário escritor), se transforma fantasticamente
em panteões da justiça.
Na verdade, o barato das histórias do Fantastic Four está na
construção das relações de seus membros em concorrência com suas aventuras.
Quatro personagens com visões diferentes de mundo que tentam tornar este mesmo
mundo mais seguro e compartilhável a cada um de si. Enquanto enfrentam grandes
ameaças como Namor, Doctor Doom, Mole Man (neste primeiro número) e até
alienígenas, como os Skrulls, os quatro aprendem a fazer com que suas
interações sobrevivam e alicercem a estrutura familiar do grupo.
O fato de não agirem em clandestinidade catapulta-os para a
típica exposição característica dos anos 60, uma certa tietagem beatlemaníaca,
que se acentuará ao longo dos anos mais em torno de suas conquistas pessoais do
que associadas.
Quanto à edição, o que dizer da genialidade de seus
criadores? A partir do chamado de Reed Richards, somos apresentados às
surpreendentes habilidades de três figuras retratadas em contextos/expansões de
suas personalidades. A inocência lúdica de Sue Storm, a brutalidade monstruosa de Ben
Grimm e a jovialidade impetuosa de Johnny Storm constrastam com a aparente
lucidez de Reed Richards. Aparente, pois está determinado a viajar para as estrelas
a qualquer custo. Vale checar este link e ver como Greg Burgas realizou uma
interessantíssima análise visual deste painel a seguir, comentando sobre as
sutilezas técnicas utilizadas por Kirby ao retratar a dinâmica entre Reed e Ben,
e como complementam a narrativa de Stan Lee.
Apesar de todos os esforços para garantir uma hegemonia
americana sobre os comunistas, a viagem ao espaço se revela determinante para o
futuro do grupo. É possível dizer que seus poderes se ajustam neste início ao
provável propósito de seus autores: demarcar o território de ação intrafamiliar.
A invisibilidade da mulher, a chama flamejante da juventude, o rancor da
rejeição e a maleabilidade da maturidade, quem sabe, não seria uma mensagem a
se passar...
O leitor é levado em ritmo alucinante até culminar na união
de todos em prol da humanidade, para na segunda metade da história, se deparar
com a primeira ameaça ao Fantastic Four: Mole Man. O resto é história...
Recomendo a leitura deste review.
Começamos por esta comparação entre capas e artes aqui.
Podemos ver aqui um grande nome da indústria quando ainda era
jovem produzindo, possivelmente, o primeiro review da edição.
Finalmente, temos acesso aqui ao roteiro original reescrito.
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