22 agosto 2011

HERÓIS DA TV #95

Editora Abril

Marvel Comics

Formatinho (84 páginas)

Maio/1987

Originalmente publicado em:
Iron Man vol 1 #135 (1980);
Power Pack vol 1 #7 (1985);
The Mighty Thor vol 1 #272, 273 (1978);
The Avengers vol 1 #188 (1979).

Homem de Ferro: "Retorno triunfal"
Argumento: David Michelinie e Bob Layton
Arte: Jerry Bingham
Arte-Final: Bob Layton

Mais um round entre o Homem de Ferro e o Homem de Titânio. O vilão busca reconhecimento de seu governo acreditando que destruir Nova Iorque, o coração do imperialismo americano, o ajudará a realizar este intento. Entretanto, ele não conta com os recentes melhoramentos na armadura do herói, que tenta recuperar sua imagem pública.

Via essa capa e me indagava sobre a qualidade da história, há muito tempo atrás. Fiquei decepcionado com o fraco enredo. É pancadaria ingênua do início ao fim. O vilão titânico possui motivação que deveria ter sido melhor explorada. Seu plano, arrasar Nova Iorque, não é nem um pouco atraente para quem lê. É muito godzilliano. 

Além disso, não acho que seja verossímil o Homem de Ferro se utilizar de golpes marciais contra um colosso de armadura.

Quarteto Futuro: "Além da razão"
Argumento: Louise Simonson
Arte: June Brigman
Arte-Final: Bob Wiacek

A ideia por trás do Quarteto Futuro até que é interessante: abordagem de temas relacionados ao mundo pré-adolescente. Mas este gênero não me convence. Pode ser antipatia, mas não vejo porque gastar 20 páginas de uma revista que continha Thor, Homem de Ferro e Vingadores.

Depois do primeiro dia de aula, as crianças, com a ajuda de Manto e Adaga, enfrentam bestas-robôs.

Não considero o desenho de todo ruim, mas com este argumento, tudo fica sacal, assemelhando-se a histórias infantis.

Thor: "O início do fim"
Argumento: Roy Thomas
Arte: John Buscema
Arte-Final: Tom Palmer

Vejamos: Roy Thomas e John Buscema... isto é sinal de boa história! Não há dúvidas que a talentosa dupla rendeu bons momentos na cronologia do deus nórdico.

Trata-se da saga Ragnarok. Loki está sem poderes e exilado na Terra. Ele deseja retornar a Asgard, mas para isso deverá se utilizar do desejo de um mortal, o jornalista Harris Hobbs, de realizar uma matéria na lendária terra dos deuses. Hobbs é o ignorante portador de visões proféticas do destino final dos habitantes de Asgard. Loki consegue identificar a profecia de Volla nos sonhos de Hobbs. Através de um logro, o deus da mentira realiza o improvável, retornando a Asgard. Seu intuito é registrar a morte do deus do trovão!

É muito difícil não se fazer uma boa história com os elementos do universo de Thor. A riqueza de detalhes e as múltiplas possibilidades dão o caminho do sucesso do personagem. Ragnarok é mais um desses nortes. Podemos compará-lo ao mítico apocalipse; na mitologia nórdica, é o evento cataclismático (Thor não morre pelo ataque da Serpente de Midgard, mas por desfalecimento) que renovará a Terra.

Roy Thomas trabalha habilmente com estes aspectos mitológicos, porém, centrados em Loki, nas duas primeiras histórias. Ele é o elemento aráutico que espalha a "boa-nova": o crepúsculo dos deuses. A arte de Buscema é fantástica! Sou fã de Walter Simonson, mas Buscema também retratava Thor com maestria.

O grande problema editorial será abordado abaixo.

Vingadores: "Elementar, caros Vingadores!"
Argumento: Bill Mantlo
Arte: John Byrne
Arte-Final: Dan Green e Frank Springer

Os Vingadores estão em viagem de retorno a América. Enquanto cruzam o espaço aéreo soviético, testemunham um misterioso ataque a aviões russos. Em terra, descobrem que um experimento que deu errado produziu super criaturas com propriedades semelhantes aos elementos químicos. Agora, precisam detê-las.

Pontos interessantes: o demagógico discurso do Capitão América - dane-se os russos com seus problemas; os problemas de auto-estima do Falcão. Aspectos bem retratados por Mantlo. Uma pena que o trabalho editorial porco da Abril tenha cortado alguns quadros. Mas é óbvio que o Capitão estava longe de ser o perfeito arauto da justiça. Seu dilema em ajudar os russos revela a conveniência de um soldado em missão. Mantlo nos traz o lado fantochístico de um dos maiores ícones da Marvel e sua patriótica subserviência. Já com Falcão, o pouco que a Abril nos deixa ver humaniza um super-herói que nunca passou de um coadjuvante do Capitão, mas que se apresenta em sua forma mais honesta possível. Um cara normal escalado para engrossar os filões de uma superequipe.

Não poderia deixar passar em branco a arte a cargo de Byrne, que ocupa competentemente o lugar de artista definitivo dos Vingadores, na minha mais modesta opinião.




Lamentavelmente, tínhamos nesta época a prática nefasta da Editora Abril de cortar páginas, quadros ou adulterá-los. A saga Secret Wars talvez seja o maior exemplo. Nesta edição de HTV, eles foram além. Em Thor, cortaram 14 páginas das 17 originais da edição #272 e 3 das 17 originais da edição #273. Ou seja, de duas edições, a Abril publicou apenas UMA!! E isto para quê? Para publicar 20 páginas de Quarteto Futuro?! Claro, fora as supressões de diálogos e páginas em Vingadores, como na página 68, na qual o Falcão aparece com o maior bico, enquanto o leitor não entende patavina.

Enfim, é lamentável ler histórias picotadas por decisões editoriais infelizes. O assunto foi ironicamente abordado na seção de cartas da revista. Em resposta à solicitação do leitor pela publicação de histórias na íntegra, o editor Wlamir Sohl afirma: "Só cortamos páginas das histórias em último recurso."

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